quarta-feira, 23 de maio de 2012


Cândido Portinari.

 

         
            Cândido Torquato Portinari, era filho de imigrantes italianos, e nasceu no dia 29 de dezembro de 1903, em uma fazenda, no interior de São Paulo. Sua vocação artística surgiu ainda na infância. Portinari se quer completou o ensino primário, tendo então, uma educação deficiente. Aos 14 anos, uma trupe de pintores e escultores italianos que atuava na restauração de igrejas passa pela região de Brodowski, recrutou Portinari como ajudante. E seria o primeiro grande indício do talento do pintor brasileiro.
            Já aos 15 anos, decidiu aprimorar seus dons, Portinari deixa São Paulo e parte para o Rio de Janeiro, para estudar na Escola Nacional de Belas Artes. Então, durante seus estudos no ENBA, Cândido se destaca e chama atenção, tanto dos professores, quanto da imprensa. Aos 20 anos, já participava de diversas exposições, onde ganhou muitos elogios nos artigos de jornais. Logo, Portinari se interessa pelo modernismo. O artista desejava ganhar o prêmio à medalha de ouro do Salão da ENBA, e nos anos de 1926 e 1927, o pintor conseguiu destaque, mas não ganhou o prêmio. Anos mais tarde, Portinari, chegou a declarar que suas telas com elementos modernistas, pretendiam escandalizar os juízes do concurso, em questão. Em 1928, o pintor, deliberadamente prepara uma tela, com elementos acadêmicos tradicionais e finalmente, ganha a medalha de ouro, e uma viajem para a Europa.
         Passou dois anos, vivendo em Paris, e os mesmo, foram decisivos no estilo que consagraria então, o pintor. Pois em Paris, ele teve contato, com outros artistas como, Van Dongen e Othon Friesz, além de conhecer Maria Martinelli, uma uruguaia de 19 anos, com quem o artista passou o resto de sua vida. Mas, a distância de Portinari do Brasil, acabou aproximando o artista de suas raízes, e despertou nele um interesse social muito mais profundo. Então em 1946, Cândido retorna ao Brasil, renovado. Mudando completamente a estética de suas obras, valorizando mais cores e a ideia das pinturas. Quebrando ainda, o compromisso volumétrico, e abandona a tridimensionalidade. Aos poucos, Portinari deixa de lado, as telas pintadas a óleo, e começa a se dedicar a murais e afrescos. Ganhou então, uma nova notoriedade entre a imprensa, Cândido expõe três telas no Pavilhão Brasil da Feira Mundial em Nova York de 1939. Os quadros chamaram a atenção de Alfred Barr, então diretor geral do Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA).
Já em 1951, Portinari retorna ao Brasil. No mesmo ano, a 1ª Bienal de São Paulo expõe obras dele, com destaque em uma sala particular. Mas está década, seria marcada por diversos problemas de saúde. Pois em 1954, Portinari apresentou uma grave intoxicação pelo chumbo presente nas tintas que ele utilizava. Desobedecendo as ordens médicas, o artista continuou pintando e viajando com freqüência, para exposições nos EUA, Europa e Israel.
No começo de 1962, a prefeitura de Milão convida Portinari, para uma grande exposição com 200 telas. Trabalhando muito, o envenenamento de Portinari começa a tomar proporções fatais. Então, no dia 6 e fevereiro do mesmo ano, Cândido Portinari morre envenenado, pelas suas próprias tintas. 
Portinari pintou quase cinco mil obras, e por isso hoje é considerado um dos artistas mais prestigiados do país, e foi ainda, o pintor brasileiro a alcançar maior projeção internacional.

Obras:
- Os Milagres de Nossa Senhora;
- Via Sacra;
- Jesus e os Apóstolos;
- A Sagrada Família;
- Fuga para o Egito;
- O Batismo;
- Martírio de São Sebastião;
- Thierys Fernando B. S. Nascimento;
- Colhedores de Café;
- O Sapateiro de Brodowski;
- Menino com Pião;
- Lavadeiras;
- Grupos de Meninas Brincando;
- Menino com Carneiro;
- Cena Rural;
- A Primeira Missa no Brasil;
- São Francisco de Assis;
- Tiradentes;
- Ceia;
- O Sofrimento  de Laio;
- Criança Morta;
- Pipa;
- Vila Santa Izabel;
- Meio Ambiente;
Futebol.

Mestiço.
 O personagem está em uma lavoura de café, trabalha no campo.  Em primeiro plano, um homem sem camisa, com os braços cruzados; sua cor, traços, lábios grossos e grandes, olhos puxados, fundos, nariz largo, nos levam a concluir que ele é mestiço. Pelas mãos grandes e unhas sujas, dizemos que ele é um trabalhador braçal. Tem traços fortes e bem definidos; de aparência forte, de estatura alta; cabelos curtos, pretos e penteados. Também tem bigode. Sua expressão demonstra, seriedade e dureza, seus braços cruzados, demonstram imponência; parece querer mostrar virilidade. O canário é rural. Ao fundo a plantações, como uma fazenda, onde o mesmo trabalha. Notamos ainda, ao fundo, um cercado, que protege a plantação, uma horta, duas bananeiras, uma casa de construção rústica; um morro, vegetação, pedras; o céu azul está limpo, com nuvens chatas e alongadas. A plantação se estende, após a cerca que delimita a estrada e o campo, aparecem os traços da civilização. 
Utilização de cores claras e frias ao fundo, contrastam com a cor escura do homem; poucas cores são utilizadas; assim mesmo, o autor faz um jogo de traços claros e escuros. Presença de sombras, e noção de profundidade. Ainda, presença de linhas curvas e retas. Obra bidimensional e figurativa. O homem é composto por linhas curvas, as quais se reúnem em harmonia. 

O Lavrador de Café.
O artista retratou força, movimento e desafio. O trabalhador está unido a terra. As cores, são vivas, a paisagem é vasta e chamativa, típica da natureza brasileira. O personagem apresenta pés grandes, que sugerem a busca e a conquista da terra. Pois só assim, alguém poderia suportar o difícil trabalho nas lavouras de café. A denuncia aos abusos e explorações deste tipo de trabalho. A pintura, não apresenta regras, sem formas regulares. Apenas tem a preocupação com o homem. Registra o conhecimento e o desenvolvimento, da sensibilidade do artista. 

Os Retirantes.
 A obra retrata os problemas provocados pela seca, pela desnutrição e pelos altos índices de mortalidade infantil no Nordeste. Percebemos ainda, que os nove personagens, estão retratados de forma cadavérica, sendo dois homens e duas mulheres adultas. Na composição, encontram-se cinco crianças, sendo que apenas umas delas, pode ser identificado o sexo. Há uma criança totalmente nua, e o personagem imediatamente atrás da mulher, também encontra-se com seu corpo dorso nu. É um velho, o personagem mais velho da composição. Está presente na obra a solidão e a tristeza. No céu há uma grande quantidade de pássaros pretos, no céu bastante azul. Certamente os pássaros, querem retratar a morte. 
Na linha do horizonte,  percebemos uma luminosidade, o que diferencia toda a cena, que é predominantemente escura. E ainda, do lado superior direito, percebemos a luta retratada, em tom cinza escuro, o que faz quase se confundir com o céu. 
No canto inferior esquerdo, percebemos algumas montanhas, bastante distantes. Sob o chão, onde os personagens estão, percebemos uma grande quantidade de pedras, e também uma parte de um osso animal, está retratado em cor clara, quase branco. Temos então, um embate entre o sagrado e o profano. O sagrado da família e a morte, em um cenário de sofrimento. E ainda, percebemos claramente um ciclo de vida. Cores: marrom, cinza, azul, preto, branco, ocre, verde, rosa, amarelo e vermelho.


 O Café.
Está obra retrata o trabalho dos escravos. A força, a obrigação, a tristeza, o cansaço, são sentimentos demonstrados, nos rostos dos personagens. Existe a mistura de cores claras e escuras. Podemos perceber que os trabalhadores, estão fazendo a colheita do café. O cenário é rural, uma fazenda. Percebemos ainda, que o trabalho é em equipe, e as mulheres fazem o trabalho menos pesado, onde o trabalho braçal fica para os homens. Ainda. notamos que existem pessoas, mandando, ou seja, as pessoas que comandam o trabalho, uma espécie de supervisor. O artista com certeza, retratou uma paisagem muito comum no Brasil, antigamente. 

Lavadeiras.
 Está obra retrata o trabalho das lavadeiras, mulheres que lavavam roupas, nos rios, próximos as suas casas, para várias pessoas; para conseguir algum dinheiro, para sobreviver, e sustentar seus filhos, e família. O rosto das personagens, mesmo elas tendo, uma vida não muito fácil, não apresenta sofrimento, e sim uma certa serenidade. Notamos que elas não utilizam calçados, para demonstrar a origem humilde. Utilização de cores claras em primeiro plano, e em segundo plano cores mais escuras. 

Frase de Cândido Portinari: " O alvo de minha pintura é o sentimento. Para mim, a técnica é meramente um meio. Porém um meio indispensável". 

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